domingo, janeiro 28, 2007

Como é que eu posso compreender os homens?!


Estava eu a começar a abrir os olhos... ainda na cama, que é o lugar onde costumam surgir as reflexões mais profundas, e ouço aquela afirmação lapidar: "foi um jogo muito viril".
Ele referia-se à encenação ontem ocorrida no Restelo, onde o SLB meteu dois na baliza do CFB, que por sua vez só conseguiu meter um no lado contrário.
Ele era o responsável pelos vitoriosos, mas até me confundiu um pouco porque elogiava o bom desempenho dos derrotados. Até aí tudo bem, é uma questão de fairplay e tal...

Mas...
... mas eu, no quentinho da minha cama, ainda mais p'ra lá do que p'ra cá, ia pensando: viril????? Mas viril quer dizer que os rapazes deviam estar todos com vontade de se foderem uns aos outros!
Mas... mas nesse caso...

... bem... desisto de compreender os homens!





quarta-feira, janeiro 24, 2007

Quando os astros são asteróides



Não parava com aquela conversa de modelos físico-matemáticos baseados nas interacções: era a interacção electromagnética, a interacção fraca, a interacção forte e a interacção gravitacional. Meu deus… só a palavra chegava para activar a minha cosmogonia interna. Eriçava-me toda, eu, quase a entrar na zona de ionização da nebulosa ante a perspectiva da exploração de novas fronteiras. Era lá que os fotões assumiam a sua energia máxima, não havia que hesitar.
Fiz-me convidada para ir ao observatório. Espreitar o telescópio era um desejo legítimo. Pudera!, sabendo-o equipado com um sistema complexo de detecção de dados e um sensor CCD , estava absolutamente segura de conseguir ver todas as estrelas, todos os planetas e todos os cometas do sistema solar, podendo, talvez com maior propriedade, ver também os do sistema lunar ou quem sabe os de um sistema qualquer inter-galáctico. Se aquilo metia “coupled” na descodificação, oh deuses, era para rumar ao zénite, à galáxia anular, à fusão nuclear… eu sei lá o que era… eram as ondas gravitacionais já a imprimirem balanço à acção e eu a tentar maximizar a detecção do sinal fraco, na ânsia de me tornar numa super-nova!
Este fascínio pelos astros mata-me – é como um pólo de atracção permanente, uma carga magnética inevitável que me leva vezes sem conta às cenas mais insólitas.
É claro que em vez das estrelas fiquei a ver uma chuvita de meteoros, ali, antes do tempo previsto para o pulsar binário, porque se o homem era o máximo na astronomia extra-galáctica… o mesmo não se pode dizer da eficácia da lente. Havia ali um grãozinho qualquer na engrenagem, talvez a posição ou o movimento dos objectos astronómicos ou uma evidência indirecta na maneira de lidar com tecnologias de ponta, sei lá!
O que é certo é que eu esperava assim como que uma entrada em órbita celeste, enfim, já não falo de um buraco negro porque essa zona misteriosa podia acabar comigo e com ele ali numa fracção de segundos e se é certo que o caos sempre me atraiu, também não valia a pena entrar na quinta dimensão. Mas entre o fracasso da quinta e o levar com um asteróide em cima antes da primeira vai uma diferença grande – tudo uma questão de corpo pequeno, portanto!
E nada mais há a acrescentar a este caos depois de mais um fracasso astrofísico: eu a querer medir os fractais, e a apanhar com a imprevisibilidade dos comportamentos das superfícies. Tinham-me dito que mesmo no caos podem ocorrer arranjos e alguma forma de ordem mas parece que comigo o que resulta são os axiomas intuitivos.
Decididamente, vou dedicar-me à astrologia.

sábado, janeiro 20, 2007

oralidades


A actuação do jovem iniciou-se com uma avaliação da minha saúde oral.
Chamava-me paciente, para a cena ser mais verosimilhante. Pelo menos foi o que eu idealizei, mal me sentei na cadeira e ele a elevou até pousar os olhos sobre o meu peito. E eu a fingir paciência, por via daquele olhar muito lânguido, por detrás do plástico protector dos óculos.
Examinou-me a região intra-oral, através da qual observou minuciosamente a língua e o palato. As palavras, pronunciadas ali mesmo sobre o rosto, traziam um hálito a flores frescas, infelizmente quebrado pelo cheiro forte dos anestésicos.
... e a sessão, propriamante dita, ia começar!
Bem… aplicar o produto não custava, disso eu já tinha experiência; remover cálculos e manchas ainda vá que não vá, podia ser a etapa seguinte, mas a coisa azedou foi quando me falou na dessensibilização do seis e do nove, por excesso de hipersensibilidade.
E mais: aplicar selantes nas fissuras?! Ah não, isso seria demasiada cedência e uma mulher não pode entregar assim as decisões, de boca aberta, nas mãos do outro!
Que é que ele pensava? Que era assim que me incentivava às visitas regulares para a rotina? Que me mudava os hábitos alimentares e me impedia do prazer dos doces?
Um plano de tratamento só com a minha anuição, porque nisso de polimentos, alisamentos e amálgamas eu só alinhava se tivesse confiança nos instrumentos, particularmente no aspirador de saliva ou até no próprio aparelho de RX intra-oral, porque a boca de cada um é propriedade sua e nas minhas raízes não era qualquer pessoa que tocava.
E ele que não me viesse cá ensinar a técnica da escovagem porque se ela era frequente ou não era problema meu!
É claro que, de boca aberta, eu não lhe podia dizer nada disto, nem sequer dizer que sim, que já levava muitos anos de uso fio dental. Mas logo que ele recolheu o tubo lambi a secura dos lábios e fiz-me cara no troco: disse-lhe que era capaz de me sujeitar a tudo, mas que a minha hipersensibilidade tinha de permanecer a cem por cento.
Quanto às fissuras, ele que fosse apresentar a sugestão dos selantes à mãezinha dele porque essa sim, já devia estar fora de prazo!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Testicocéfalos?


Eu não tenho culpa.

É mais forte que eu, mas se deus pôs no mundo uma criatura com tantas e tão impressionantes características não foi por acaso. Tem defeitos? Ah pois sim, mas todas sabemos que Adão também os tinha, com aquela mania de andar a fazer mijinhas por todo o lado quando se apercebeu que, dos dois, ele era o único a possuir a capacidade de as fazer de pé. Há heranças eternas! Mas se é criatura de deus não pode ser tão destituído de virtudes. É por isso que quando olho para um homem não posso deixar de imaginar o que está lá dentro.

Onde?

Podendo parecer que é ali mais ou menos ao nível do quadril – ali relativamente próximo do eixo transversal situado no plano onde se efectuam os movimentos de flexão e extensão; ou talvez um pouco acima, no enfiamento do eixo vertical que faz as rotações externa e interna – a verdade é que por causa de uma extensão que leva o membro inferior para trás do plano frontal, o músculo extensor do quadril (que passa pelo centro da articulação), bem como os extensores (que estabilizam a pélvis no sentido antero-posterior) e ainda os ísquios-tibiais (que activam o glúteo maior e os músculos cuja direcção é semelhante à do colo do fémur), a verdadeira localização do dito é, no seu todo, forçada para o acetábulo, o que, apesar de tudo, também acontece com os pelvitrocanterianos e com o obturador externo e o glúteo pequeno.

Tendo, pois, como ponto de referência os músculos sustentadores do quadril, chegamos muito linearmente à conclusão de que aquilo que verdadeiramente funciona nos homens, qualquer que seja a sua localização, tem, em tudo, uma analogia directa com a imagem junta.

De tudo isto se comprova que deus soube o que fez quando manuseou a semântica da palavra testicocéfalo. É tudo uma questão de semiótica, como muito facilmente se percebe pela descrição anatómica que aqui vos deixo.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Põem-me as mãos em cima ... e eu...




Foi ele que pediu.

Era para usar um conjunto de palavras e escrever um texo.
Também era para divulgar a ideia. para quem quiser colaborar.


Não sei porquê, mas as palavritas sugeridas mandaram-me logo a memória para o Mateus.


Para não o embaraçar olhei assim de relance no espelho, a fotografar-lhe as formas, enquanto hidratava a minha pele com óleos afrodisíacos. Queria que aquela noite fosse assim como… beber um café a transbordar de natas, ao fim da tarde, numa esplanada com vista para as águas da mais romântica lagoa. Uma tarde que antecipava seguramente uma noite de sexo violento, daquele que faz qualquer um perder os sentidos. Seria audácia minha, talvez não me saísse bem diante daquela figura escultural, mas o negrume que saía do vermelho da manga dava cá uma pedra à imaginação!
Só numa tela! Não era possível que a realidade me destinasse tão venturosa delícia! Uma mulher até fica atordoada com o eco que sai de uma voz assim! Eu treparia todos os degraus para lhe chegar ao cimo, porque o cimo adivinhava-se lá no topo, e eu… obcecada pelos mitos, tinha de tirar a limpo, antes da morte, a verdade da coisa.
Atrapalhada nos gestos, senti-me sem norte no momento em que ele me pôs as mãos em cima! Mas não me dei por vencida. Havia de o fazer em retalhos…






quarta-feira, janeiro 10, 2007

cumprimentos às visitas...



Quando um pessoa vê isto não pode deixar de dar uma volta pelo seu sitemetter para ver quem vem cá ter.
E, de facto, dá vontade de entabular conversa com quem veio às buscas:


- homens exibindo cacetes - ao senhor ou à senhora que os procura eu respondo que... se eu os apanhar guardo-os no meu álbum pessoal, não venho aqui partilhá-los, ok?


- anúncios de mulheres para dar uma queca - ... aqui não, não costumamos aceitar, mas continua à procura , não desistas!


- obrigada amiga - é um gesto cortez que cai sempre bem aqui na casa, mas confeso que não sei o que fiz eu para merecer tanta deferência. Só pode ter sido o tal co-piloto a agradecer-me a disponibilização do Dico.


- bruxarias - já fizemos, em tempos. Agora mudámos de ramo e é mais reiki, mas o efeito é o mesmo.


- yomba oro - não, não é aqui, mas qualquer farmácia tem, pode levar escrito num papel se tem medo de se esquecer. também pode pedir ... Viagra ou Cialis, sempre se decora melhor o nome da coisa.


- pelo no peito - esta já me parece mais ofensiva, nem vou comentar... mas veja aqui.


- imagem de homem na sanita - não me diga que lá em casa não tem? Costumam levar literatura e ficar lá horas, nunca reparou?


- calorias de pão e água - confesso que não sei, mas não creio que seja alimento para uma pessoa normal... eu pelo menos não gosto da ideia e já o disse antes.


- compreender os homens - às inúmeras pessoas que vêm cá parar com essa intenção eu respondo: se eu os compreendesse andava aqui a fazer o quê? Não reparou que aqui são mais as frustrações que as satisfações?


- porque é que os homens não fazem nada em casa - olhe... continue perguntando aqui e ali... alguém há-de saber o segredo!


Boas buscas. Eu cá estarei para ver...




domingo, janeiro 07, 2007

Camelo!!!



Era para ser sua co-pilota, disse ele num telefonema urgente.
Foi há umas três semanas, não havia tempo a perder. Só vos digo que nunca me tinha aplicado tanto nos treinos. Apliquei-me tanto, tanto... que ainda hoje os meus ouvidos se ressentem da violência, que o ronco do motor de um camião é coisa de abalroar, garanto-vos.
Treino permanente para reforçar a condição física e psicológica... tudo p’ra cima!, que uma pessoa quando se embrenha na co-pilotagem não pode fazê-lo por menos. Aquilo desgasta... mas desgasta!!!
7915 quilómetros em todo-o-terreno prometiam as quotas máximas. Dezasseis dias de bem- bom, pensava eu a atacar, à força toda, nos primeiros quilómetros... e sem capotar!
E não seria só trabalho... a segurança (só bombeiros eram 170...), o convívio (com 508 veículos, vá lá... pelo menos metade com co-pilotagem, porque os motards andam bem por conta própria... acrescentando o suporte mecânico, o mediático e os mirones... aquilo daria aí para cima de mil e tal cromos, à noite, no Hotel). Mais a paisagem, as dunas, os pós, os camelos...
Bem... podem compreender o tamanho da minha frustração, aqui em casa, hoje, a lavrar mais um queixume.
Mas eu conto tudo:
Depois de bem treinados eu e o Diogo Cunha Rego tínhamos todas as condições para efectuar uma boa prova, desde a potência da máquina à vontade férrea e incontrolável de levar tudo à frente. Ele apostava num bom tempo para as classificativas e eu, colaborante, achei que uma hora, vinte minutos e trinta e oito segundos, para começar, não era nada mau! Dei, pois, tudo o que me era possível, não obstante os atascansos sucessivos. E que pica que eles davam! Depois de racionalizado o espaço a bordo para nos sentirmos à vontade, trocámos de centralina e ensaiamos a tracção traseira; mas a tracção às quatro, essa sim, firme e segura, era a nossa aposta. Bom andamento vivo, um espanto de caixa de velocidades, pronta para atacar as dunas de frente, a um ângulo de 90 graus; ou mesmo usando as redutoras (na quarta ou na quinta, pelo menos), para fazer render a prova.
Ele era cheio de cuidados: ajeitou o compressor para encher os pneus nos intervalos, montou um sistema de navegação que incluía um desenrolador eléctrico road-book, um conta quilómetros com comando lateral e GPS orientado e extensível, fez exercício de perícia em terra batida, sem esquecer as zonas dos buracos e... bem... a perspectiva de curtição era o máximo...


Mas não. O Diogo Cunha Rego (o Dico, como todos lhe chamavam), ali mesmo em cima da hora, trocou-me por um co-piloto com dois metros de altura, cavas longas e uma mota XXL tatuada no bíceps.

Uma mulher aguenta isto?


sábado, janeiro 06, 2007

Para satisfazer os meus leitores masculinos (antes que eles bazem...)


Ok. pronto, eu cedo.
Deixo aos Homens o espacinho de entertenimento, mas não me peçam para escarrapachar aqui tudo, vão lá ver!
Se tiverem outros gostos basta pedir... o que é que uma mulher não consegue?!!!
(Não pedi autorização ao dono, espero não ir presa... além de que é por boa causa. Explorem...)

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Parabéns Maria Árvore



Ela é bonita, exigente, irreverente, ousada, aventureira, perversa, felina, atenta, apimentada, curiosa, cuidadosa, venturosa, calorosa, musicóloga, imaginativa, inspiradora, organizada, apreciada… com muito sentido de humor e um elevado sentido estético. E junta a tudo isto uma escrita com muito nível, puxada do coração, aprumada na forma e envolvente no conteúdo. Não exagero, garanto!
Gosto de a visitar e sou uma das muitas visitas que lhe descobriu a porta sempre aberta, onde ninguém fica sem resposta.

Também gosto de lá ir por outras razões, claro, que ela não se poupa nas gravuras mais esculturais, havendo para todos os gostos...

Experimentem, se não conhecem, e verão que ficam reféns! Porque "nada vem do nada"...

Aqui lhe rendo homenagem pelo terceiro aniversário da casa.
E deixo um mimo, claro!, com muito prazer!!!

Quando eu era pequenina e pensava em ser grande...

A Marta mandou-me fazer um TPC.
Eu disse-lhe que não ia sair boa coisa, mas ela insistiu...
Ora aqui vai o exercício:

Quando eu era pequenina gostava de vir a ser cantora de festivais da eurovisão, assim bonitona e de cabelo entufado, a aparecer para toda a gente e a receber flores. E então punha-me em cima do muro do quintal, improvisava o microfone e lá vai disto: “sei quem ele é… trá-lá-lá-lá-lá-lá-rá-lá-lá-lá-lá-rá...".



Um dia convenceram-me a ir vestida de anjinha numa procissão do senhor dos passos. Era assim o mais aproximado que havia para dar nas vistas. Um vestido até aos pés e umas asas penduradas às costas eram acessórios suficientes para uma tarde de glória. Mas… livra, aquilo era lindo, só que ter de palmilhar a vila toda com um objecto votivo nas mãos, exposto num pano de cetim, era cá uma responsabilidade… e depois tinha de me esforçar mesmo para ir para o céu porque o senhor prior a quem me obrigaram a confessar os meus pecados antes da procissão fora bem duro: primeiro perguntou-me se eu tinha pecados a confessar; perante o meu silêncio disse umas coisas que eu não compreendi na altura e perguntou ostensivamente se eu já tinha feito malandrices com rapazes. Ora eu sabia lá o que eram rapazes? Só sabia que havia um que também estava à espera para se confessar e tinha reparado que ele era feio como uma noite de trovoada, desengonçado e com óculos de fundo de garrafa… tirando esse só conhecia o meu irmãozito de meses, que tinha pilinha, mas que, apesar disso, parecia ser normal.Fiquei, contudo, curiosa com a conversa do padre, que me ameaçou com uma coisa chamada penitência se eu tivesse maus pensamentos, que me valeriam uma ida para o inferno. Creio até que me mandou rezar umas avé-marias e uns pais-nossos, coisa fácil, aquilo estava tão bem decorado, até era eu que continuava a lengalenga da salve-rainha quando a D. Brites, a catequista, se deixava dormir! Foi por isso que ela me deu uma medalhinha de lata, baça, que fez as minhas delícias. Era uma santa, porque se fosse um santo, não sei que futuro teria sido o meu!Depois um dia tive um namorado que me levou para a sede dos escuteiros, que era nas traseiras da Igreja, e começou a lambuzar-me toda naquela casa sagrada e eu a arredar- me daquele Satanás que me estava a puxar para o Inferno.






Ó Marta, já viste o que fizeste, agora aqui estou eu a puxar pela memória e a lembrar os meus pecados todos!
Será que é daí que me vem esta incompreensão pelos homens?
Boa!!!
É capaz de ser, mesmo!
Já tenho assunto para a próxima sessão com o meu psicanalista (um homem, para variar… ai quem me dera compreendê-lo… é cá um pão!)

E ainda por cima, agora tenho de mandar o TPC a mais pessoas: então uma vai ser um amigo meu que não compreende as mulheres; outra amiga minha que compreende toda a gente mas niguém a compreende a ela; e o outro pode ser um gajo que aparece aqui a mandar umas bocas e que agora vai ao castigo.

Vou lá dizer-lhes e seja o que deus quiser!