Não parava com aquela conversa de modelos físico-matemáticos baseados nas interacções: era a interacção electromagnética, a interacção fraca, a interacção forte e a interacção gravitacional. Meu deus… só a palavra chegava para activar a minha cosmogonia interna. Eriçava-me toda, eu, quase a entrar na zona de ionização da nebulosa ante a perspectiva da exploração de novas fronteiras. Era lá que os fotões assumiam a sua energia máxima, não havia que hesitar.
Fiz-me convidada para ir ao observatório. Espreitar o telescópio era um desejo legítimo. Pudera!, sabendo-o equipado com um sistema complexo de detecção de dados e um sensor CCD , estava absolutamente segura de conseguir ver todas as estrelas, todos os planetas e todos os cometas do sistema solar, podendo, talvez com maior propriedade, ver também os do sistema lunar ou quem sabe os de um sistema qualquer inter-galáctico. Se aquilo metia “coupled” na descodificação, oh deuses, era para rumar ao zénite, à galáxia anular, à fusão nuclear… eu sei lá o que era… eram as ondas gravitacionais já a imprimirem balanço à acção e eu a tentar maximizar a detecção do sinal fraco, na ânsia de me tornar numa super-nova!
Este fascínio pelos astros mata-me – é como um pólo de atracção permanente, uma carga magnética inevitável que me leva vezes sem conta às cenas mais insólitas.
É claro que em vez das estrelas fiquei a ver uma chuvita de meteoros, ali, antes do tempo previsto para o pulsar binário, porque se o homem era o máximo na astronomia extra-galáctica… o mesmo não se pode dizer da eficácia da lente. Havia ali um grãozinho qualquer na engrenagem, talvez a posição ou o movimento dos objectos astronómicos ou uma evidência indirecta na maneira de lidar com tecnologias de ponta, sei lá!
O que é certo é que eu esperava assim como que uma entrada em órbita celeste, enfim, já não falo de um buraco negro porque essa zona misteriosa podia acabar comigo e com ele ali numa fracção de segundos e se é certo que o caos sempre me atraiu, também não valia a pena entrar na quinta dimensão. Mas entre o fracasso da quinta e o levar com um asteróide em cima antes da primeira vai uma diferença grande – tudo uma questão de corpo pequeno, portanto!
E nada mais há a acrescentar a este caos depois de mais um fracasso astrofísico: eu a querer medir os fractais, e a apanhar com a imprevisibilidade dos comportamentos das superfícies. Tinham-me dito que mesmo no caos podem ocorrer arranjos e alguma forma de ordem mas parece que comigo o que resulta são os axiomas intuitivos.
Decididamente, vou dedicar-me à astrologia.
14 comentários:
eu volto amanhã para ler isto, vou para os copos... mas como dizes que vais dedicar-te à astrologia... estás apaixonada pelo velho que apresenta o "tempo"... astrologia tem a ver com a previsão do tempo? Não... isso é silvicultura... agora quedei baralhado..
Quando falaste em "...Havia ali um grãozinho qualquer na engrenagem"... até me arrepiei !
:-):-):-) Pelos vistos andou a fazer publicidade enganosa. dizia que tinha um telescópio para ver as estrelas e afinal ele o que tinha era uma lupa de bolso para ver as estrelas da revista como ser um bom astrónomo em 10 lições.
Bom, talvez a lei da atracção universal te possa interessar mais, também trata da massa dos corpos e assim, ou a primeira lei da termodinâmica, a invariabilidade da massa no interior de um volume de controle, embora possa sempre passar de um corpo ao outro, desde que no interior do referido volume. Se insistires, ainda se pode chegar à segunda lei, embora a irreversibilidade seja tentadora no início mas se possa tornar incómoda com o tempo... :D
Às tantas ele estava demasiado habituado a ver as estrelas sozinho. ;)
Foi uma de nebulosas?
De calhaus celestes sei pouco, tenho prá'qui um instrumento de regulação manual que quando ponho o olho no objecto, zás some-se.
Espero não descobrir ter algum grãozito que me desafine, sabe-se lá.
Beijinhos passionara
voltei... e sabes o que me intrigou mais, uma frase do meu pai:
filho, podes estar a ver uma estrela que já não existe e podes não ver uma estrela que já existe há biliões de anos...
Nunca entendi o meu pai, é que ele não era de copos...
yayaya
Tudo ou nada?
ehehheheh, estiveste nos degraus da 5ª dimensão. Pena que não tivesses decoberto o segredo da super-nova. dava-me jeito!
Se o tens levado ao buraco negro ías ver a velocidade da atracção que faz o tempo parar.
Bom, não perdeste tudo.
Não viste as estrelas, mas ganhaste uma nova ciência.
Mas, tem cuidado com os buracos negros...
Tanta parra e pouca uva, ah mulher não vás por aí que ainda ficas com algum calhau e não queiras ver nenhum com "um grãozinho na engrenagem" :):):):):)
Gostei!!!
Fausta os beijos eram para o fifi. ;)
acho que para atingir determinados estados a que te referes, talvez seja mais eficaz comeres uns cogumelos alucinogénios...
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