quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Particularidades


Quem sou eu?

Foi a maria-arvore que me passou a tarefa de me particularizar em seis pormenores dos mais coladinhos a mim. Daqueles que fazem de nós seres diferentes de todos os outros, não pela diferença em si mas pela combinação de todos entre si.
O que resulta dessa combinação – eu – tem a ver com uma mania inata de me apaixonar por todas as coisas e de as viver até ao limite; tem também a ver com o meu nariz empinado e com a incapacidade de sorrir quando não me apetece. No geral aguento as pisadelas até ao momento em que me salta a tampa, por isso sou pouco polida nas reacções, mas só às vezes, porque normalmente digo com os olhos, que são sempre o meu espelho e são muito bonitos.
E… com tanta conversa esqueci-me do que vinha fazer aqui. Era suposto vir dizer a verdade – ou seja, que não compreendo os homens; que ando à procura de um companheiro compatível e ele não aparece; que à conta dessa procura vou provando daqui e dali porque só a experiência empírica pode desempatar nas indecisões; que sou muito gulosa e exigente nas provas, que me farta a conversa fiada e que as particularidades de cada um variam consoante as ocasiões, a idade que se vai tendo e a definição de objectivos que se vai fazendo na vida.
Não sei se isto chega, mas é que hoje está a puxar-me a escrita para a nostalgia!
Vou-me já embora!

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

As Revelações

Ora vamos às revelações:
Não acreditem que seja tudo verdade, aquilo que eu vou escrever; por que razão haveria de ser eu a única pessoa verdadeira neste país?

1. Aqui, na blogosfera, quem me conhece sabe que tenho duas caras: uma que ri e outra que está sempre muito séria. (quem não conhece terá de investigar). Logo, a primeira afirmação é falsa.

2. Já viajei de avião sozinha, sim senhor. E não pilotei, deixei isso para quem sabe; o que eu queria dizer é que não tinha ninguém com quem falar porque vinha por minha conta. Mas pronto, se se entender que não estava sozinha no ar… a segunda também pode ser falsa.

3. A lista de nomes da minha vida tem, infelizmente, nomes repetidos. Será falta de imaginação ou é triste sina?

4. Nunca escrevi um livro. O que não me faltam são páginas escritas mas não morro pela ambição de me ver editada. E quando para isso a gente tem de pagar… ai, ai!

5. Perdoo sempre os maus desempenhos dos meus companheiros? Às vezes nem sei o que diga! Eu sei lá se são eles ou se sou eu! Contudo, sou complacente e, como todas nós sabemos, um bom desempenho não tem necessariamente de acabar assim com aquela coisa do “foi tão bom para ti como para mim”. Ou seja, se nunca mais acabar… é um excelente desempenho!!! Esta nem é falsa nem é verdadeira, é como a quiserem entender!

6. É que sou mesmo uma grande comilona. Deixo a questão do conteúdo à vossa imaginação.

7. Os colegas de trabalho não são boas opções, nunca. Se aquilo dá para o torto nunca mais nos livramos da companhia, ou vice-versa! Mas às vezes…

8. Televisão? Dispenso.

9. Sócrates. Passo. Já antes tinha passado e continuarei a passar. É falso.
Quem?
Ele!

10. Já me perguntaram se eu era da televisão. E não foi só uma vez!

Parece que não cumpri o que me era pedido!
Paciência! Mas ao menos tive um pretexto para falar convosco.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Desafio

Imagem daqui

A Hipatia desafia-me para um meme. (eu sei lá o que isso é!!!)
Tenho de fazer nove afirmações, sendo que em três delas não estou a dizer a verdade.
Para mim… que falo sempre verdade… foram precisos alguns dias de reflexão para me lembrar de mentiras, mas lá vai…

1. Aqui na blogosfera, só me conhecem por Fausta Paixão;
2. Já viajei de avião absolutamente sozinha;
3. A lista de nomes da minha vida tem nomes repetidos;
4. Nunca escrevi um livro;
5. Perdoo sempre os maus desempenhos dos meus companheiros;
6. Sou uma grande comilona;
7. Nunca cortejei um colega de trabalho;
8. Raramente vejo televisão;
9. Nas próximas eleições votarei Sócrates, pois adoro-o.
10. Já me confundiram com uma locutora da tv.


E agora, passo o desafio a quem quiser agarrá-lo, que é como quem diz ... aqui na blogosfera cada um come do que gosta e quando gosta (a bem dizer, é um excelente lema para todas as coisas da vida).
Quanto a desvendar as mentiras... a gente logo fala!
Ah, não resisti a transgredir as regras e em vez de 9... escrevi 10. Bem feito!




segunda-feira, fevereiro 16, 2009

As coisas que uma mulher faz...

Apareceu-me de fato cinzento e gravata ainda mais. Era uma mancha parda, de alto a baixo, que me aguardava junto à vidraça, como se estivesse a ver as vistas; mas estava nervoso, eu bem topei, que os homens parecem rochedos mas tremem que nem caniços na hora H.
Agradei-lhe. Mas os olhos tentavam a discrição.
Sentou-se e começou a desfiar informações, como se estivesse a vender um produto difícil e fosse preciso puxar-lhe o brilho. Tarefa vã, que o conjunto era baço e o palavrear travava-me a resposta, de tão faustosamente polido.
Contive-me.
Apeteceu-me sair pela porta fora, porém, era preciso manter o nível.

Sim, pus um anúncio.
Desespero?
Até pode ser que sim, confesso-o. Ao menos não escondo que ando à procura, como fazem por aí as minhas amigas, que disfarçam as carências mas andam de olhos esbugalhados e peitinho emproado, que a maminha é minúscula e a inveja muita.

Depois fiquei ali sentada a fingir que ouvia; se não tivesse fingido tinha, no mínimo, saído dali com uma trela e teria de me limitar ao quadradinho que ele traçou sobre a secretária dizendo que a vida tem normas e o mundo limites. E que as mulheres precisam da protecção dos homens.

Não, não fiz nada. Já ando mais contida do que no passado e apenas me despedi com dois beijos dizendo-lhe que a figura junta não correspondia aos meus parâmetros.

domingo, fevereiro 15, 2009

Voltei


Palmilhei mundos, conheci gentes, bebi todas as espécies de chazinhos, suportei bons e maus aromas, bons e maus paladares, enchi a alma das mais variadas e melodiosas vozes, dancei ao ritmo de um nunca mais acabar de corpos, assoei o ranho a crianças mal vestidas, provei o sal dos mares mais distantes, repousei o corpo cansado em camas perfeitas e outras desfeitas, encontrei-me em longos céus, ajudada por tripulações de homens lindos e prestáveis, mas sempre muito profissionais: deseja tomar chá?
Aventurei-me por becos mal frequentados, fui assediada e assediei, pernoitei em hotéis de cinco estrelas com piscinas aquecidas e demolhei as mágoas em águas aromatizadas de jasmim. Vi o pôr do sol nos mais longínquos quadrantes e a aurora nas janelas de quartos coloridos.

E voltei.
Cansada de tanto ver e de nada ter.
A precisar de mimos, de palavrinhas doces, de actualizações e emoções menos cosmopolitas, mais brandas, mais caseiras.

Sei agora o que quero: quero um homem que seja grande, bom, enérgico, meigo, preocupado, descontraído, culto, rico, elegante, bem falante, que saiba dançar, cortar a relva, mudar as lâmpadas, que goste de um bom vinho, que conheça os melhores restaurantes, que olhe para as minhas amigas e não faça comentários nem bons nem maus, que não esteja comigo 24 horas por dia, que não se ausente por mais de 48 horas, que não ressone, que não durma na outra ponta da cama, que não me sufoque, que não tenha apneia do sono, que tome um duche todas as manhãs, que não atire caixas de chiclets vazias pela janela do carro, que não passe o fim de semana preocupado com o seu clube favorito, que resista às investidas sem queixumes, que não cheire mal dos pés, que não puxe a meia dúzia de cabelitos de uma margem para a outra da nuca, que me mime e que queira ser mimado.

Aguardo respostas.