domingo, maio 21, 2006

A bandeirada



Não foi propriamente um choque, confesso, foi mais a cor a entrar-me pelos olhos e a saturar-me a córnea, que uma pessoa pode gostar da sua bandeira, mas depois de um jantar de ovos verdes com salada de beterraba acompanhada de vinho rosé e sobremesa de melancia, digamos que estava um pouco cansada da coloração. Ainda por cima o crocodilo verde da lacoste estava ali pronto a engolir a mancha vermelha que me enchia os olhos, no outro lado da mesa e o assunto da conversa andou pela polémica do Quaresma ir ou não ir marcar golos nas balizas adversárias e do Pauleta chegar aos cinquenta. Dizia ele que a glória nacional estava nas cores e que nenhum país se podia orgulhar tanto da sua bandeira como nós. A prova disso era a bandeirada do Jamor.
Ok, disse eu, vamos lá ver como és como ponta de lança porque de frango estamos servidos e eu, foras de jogo já vi muitos, mesmo vindos daqueles a quem chamam um figo.
Já no elevador ele disse: uma bandeira, vou colocar uma bandeira sobre este espelho, para que cada um veja a pátria reflectida enquanto sobe porque a glória é estar no topo. Ora, e eu não sabia? Estar no topo é tudo quanto uma mulher pode desejar numa situação destas!
E eu a pensar que a excentricidade das madeixas amarelas ia bem com o aspecto da linha lateral do hall de entrada onde as bandeirolas se multiplicavam.

Estava tudo a andar bem: o relvado em boas condições e um balanceamento que prometia bons desempenhos. Com tanto drible a pequena área estava a ficar desguarnecida ... para o que viesse a seguir.
Mas agoniei-me!
Podia ser apenas o edredon, admito... até teria a sua graça deitar-me sobre a bandeira nacional, aconchegar-me nos esféricos acetinados e passar do ataque ao contra-ataque, do contra ataque à marcação do canto e depois ao livre directo com protecção das partes baixas, claro... mas ele queria ficar de pé junto à janela - onde as cortinas eram verdadeiras redes em tons abandeirados - a cantar o hino nacional para a cerimónia do içar do pau da bandeira.

Era nacionalismo a mais!
De forma que, embora ele insistisse que o golo era o orgasmo do futebol e a bola era a mulher desejada pelo jogador, eu continuava a ver a metaforização ao serviço de um fetiche de pouco efeito prático. O jovem não passava de um avançado na retranca e sem estilo.

Foi então que lhe disse: meu amigo, o jogador com bom desempenho em campo é aquele que tem intimidade com a bola, que mantém com ela uma relação de cumplicidade agressiva e sabe tocá-la até ao remate final. Se é um golão que queres transforma-te num verdadeiro ponta de lança e deixa de atirar à trave que eu não sou propriamente uma guarda-redes angustiada no momento do penalti nem me sujeito às opções do seleccionador.

quinta-feira, maio 18, 2006

Eu... bem vestida


Eu já sabia que era bonita mas a Ivamarle ainda me deu uns retoques para melhorar a imagem...

Vamos a ver se é desta que eu encontro o homem perfeito.

sábado, maio 13, 2006

Ando muito atarefada...

E é que ando mesmo muito atarefada.

A selecção tem-se mostrado mais difícil do que eu pensava.
Não é uma questão de indecisão. Só seria esse o problema se a qualidade estivesse de acordo com as minhas exigências.

Na verdade, o que eu queria mesmo era um homem que fosse meigo, compreensivo, ternurento, disponível, atento, bem disposto; mas ao mesmo tempo vigoroso, enérgico, impulsivo, animal; e que soubesse cozinhar, arrumar a cozinha, ver o que falta no frigorífico, fazer compras, pôr ar nos pneus do carro, lavar o carro, levar o carro à inspecção, colocar o varão dos cortinados da sala, reparar a tomada estragada, cortar a relva; mas que fosse um bom dançarino e me acompanhasse numa pista de dança e nos drinks sem perder a lucidez, para poder trazer o carro para casa; e que depois fosse suficientemente maluco para ir comigo tomar banho na praia à noite; que me desafiasse para umas férias meia dúzia de vezes por ano e aturasse as minhas neuras sem fazer má cara e sobretudo sem sugerir que os filhos dele também fossem; e que não tivesse necessidade de ir a correr fazer queixas à mãezinha e procurar colo; e que aguentasse firme quando a mim não me apetecesse fazer amor mas apenas encaixar-me no corpo dele para uma noite serena de descanso; e que soubesse falar de literatura e me acompanhasse num concerto de música clássica ou numa exposição de pintura, sabendo o que estava a ver sem fazer cara de frete; e que me contasse os sonhos ao acordar e andasse de mão dada comigo pelos jardins...

Mas o que vejo é que, para os homens, não há muito que saber.
Tudo se resume a muito pouco...



segunda-feira, maio 08, 2006

Anúncio urgente



Sempre desejei publicar este anúncio. Depois do que li aqui, não tenho tempo a perder!

Divorciados com experiência, precisam-se.

Prova de selecção: local e data a combinar...