quinta-feira, abril 26, 2007

... agora são os gatos!!!


Tenho um quintal e albergo por lá uma gata desde há uns tempos. Uma fêmea que me dá cuidados como se fosse minha filha. Quer dizer, não é a mesma coisa… mas por causa da prole que possa aparecer, enfio-lhe uma pílula no bucho de quinze em quinze dias e a pobre bichana anda ali como se estivesse no paraíso.
Entretanto apareceu um gato. Preto. Escanzelado. Dei-lhe comida e ele cresceu a olhos vistos. Nem se dão mal…. Ele às vezes quer trepar-lhe p'ra cima mas ela, coitadinha, o que quer é sopas e descanso e troca-lhe as voltas.
Porque é que estou a contar isto?
Porque ando com uma coisa aqui atravessada! É que …. descobri que também não compreendo os gatos!!!
Será que ando a ficar com problemas psiquiátricos?
O gato preto deve ter pensado que era da casa, porque agora sempre que algum outro ronda o quintal há luta brava. Enrolam-se um no outro, o preto e o amarelo ou o preto e o pardo, porque o de cá marcou o território dele e não deixa nenhum dos outros entrar.
Pois querem saber o que faz o amarelo ou o pardo quando o preto se ausenta?
Entram cá dentro (à vez, está claro) e mijam em tudo o que é sítio: na porta de entrada da casa, nos canteiros das flores, no portão da garagem, nos postes, em cima da salsa, no muro, nas cadeiras...
Alguém pode esclarecer-me... já que gatos destes não têm sido a minha especialidade: isto é normal?

domingo, abril 22, 2007

o Maestro


Já aqui tenho falado dos benefícios do treino.
É costume dizer-se que todas as qualidades são dons naturais que só progridem se praticados e treinados à exaustão. Há talentos inatos que, se descuidados, perdem-se.
Por isso é que recorri aos trabalhos do Maestro, que diziam ter o raro privilégio de possuir, não somente uma sólida formação no domínio da arte de posicionar a voz através dos mecanismos da biofísica da fonação, mas também uma longa experiência pedagógica. Iríamos, pois, dedicar-nos à técnica da voz cantada.
A primeira coisa que me disse, quando começamos as nossas lições de canto, foi isto: toda a arte é difícil, mas se o interessado for ágil, dócil e expressivo no desempenho, os resultados serão os esperados. Era só tirar partido das cavidades do corpo – a nasal, a craniana, a toráxica e a bucal – e dos articuladores, onde cabiam a língua, os lábios, o palato duro e o palato mole, os dentes e a mandíbula.
Adoro gente com vasta experiência no uso dos órgãos e o Maestro tinha descoberto a importância da função vocal na estrutura da personalidade, mobilizando isso todo o corpinho.
Empolgava-se quando dizia que para além das notas e das palavras, existe algo invisível, impalpável, que é preciso adivinhar, sentir, expressar e que não está escrito. E falava de um canto interior e vibrante através do qual podíamos libertar os pensamentos e os sentimentos. Era aí que as minhas expectativas cresciam, aguardando impaciente que a relação íntima entre o corpo e a voz crescesse também.
De lição em lição ele lá ia dizendo que a minha personalidade era ritmada e poderosa e que estava a meio caminho de conseguir a flexibilidade necessária à perfeição.
Ora é sabido que detesto ficar ali pousada em meios caminhos, sem sair do nem p’ra lá nem p’ra cá. Tinha de agir depressa ou caía num impasse chato. Ainda por cima obrigava-me a beber litros de água quando a mim o que me apetecia era umas bejecas geladas para criar ambiente. Mas não, aqueles exercícios repetitivos de duas oitavas e meia na escala vocal e três de uma oitava para falsetes estavam a deixar-me enervada.
Mas o dia pior, mesmo, foi ontem. Não aguentei.
Primeiro proibiu-me os derivados do leite a pretexto de que engrossam a saliva e dificultam a articulação das palavras e a vibração das pregas vocais e depois reagiu que nem um possesso à minha observação do exercício laríngeo.
Então eu andava ali a deixar couro e cabelo para perder o meu tempo com as habilidades instrumentais básicas depois da expectativa das abordagens integrais?

sexta-feira, abril 20, 2007

Terapia da fala


Há coisas de que é difícil uma mulher recuperar
De vez em quando lá me vejo a braços com merda suficiente para me debruçar sobre a desgraça e ficar uns dias de molho.
É aquela promessa de aleluia, gemida em agudos, que me deixa constantes ilusões; mas o que eu sou, mesmo, é uma ingénua… venham cá vocês dizer se se pode confiar nos homens! Era o podes! Chibos, espécie de gentinha encornada, camelos embossados em vistas curtas, de armadura em riste como se a vida fosse apenas enrolanço e beijação.
Uma mulher quer mais.
Nunca neguei que gosto de cama, onde quer que ela seja feita. Acusem-me de perversidade, vá, eu não levo a mal... já comi fruta madura e outra fora da época; já adocei a boca com mel, mesmo, daquele mais biológico; já fiz ginástica suficiente para muscular a flacidez dos desgostos por que vou passando, já armei muitas cenas, já deixei gajos apeados, já fiquei apeada…
… mas gosto de me apaixonar, pronto! Chamem-me louca mas o meu sonho é viver um Grande Amor!
… e quando um gajo se vira para o outro lado e me diz que está com enxaqueca… eu passo-me!
Enfiei-lhe dois trifenes no bucho e disse-lhe: coração, ou te pões grosso ou tenho ali uns supositórios que fazem efeito instantâneo e dão alívio imediato.
Esfregou os olhos, que encenavam sombra com as pálpebras, abriu-os muito e gaguejou…
E olha, disse eu já com a voz grave, um gago não me serve para nada… a única terapia que gosto de pôr em prática é a do falo!
Acham que ele percebeu? Pois eu não tenho assim tanta certeza! Nem quero saber…


É terrível esta minha busca…
… mas se eu um dia desisto de compreender os homens é a minha desgraça!



terça-feira, abril 10, 2007

Coisas que acontecem...


Sinto-me um pouco estonteada, a visão está turva e dóem-me as articulações.
Acho que não me estou a sentir nada bem...
... terei abusado da carne?
... terá sido castigo?
Provavelmente vou ficar de quarentena!

segunda-feira, abril 02, 2007

A arte de bem cavalgar - lição 2.


Dizem que o cavalo é um animal pacífico mas nada voluntarioso. Ainda por cima dizem que se engana muito facilmente. Se algumas vezes chega a comportar-se como herói é sempre por medo, como alguns homens.
Mas também dizem que o preceito fundamental do ensino é pedir muitas vezes, contentar-se com pouco e recompensar muito.
Ora que treta! Estas duas afirmações comprovam o erro crasso que é aprender com base na teoria.
Se o cavalo se arma em herói em razão do medo, por que é que temos de nos contentar com pouco? É dar neles até os tornar heróis a sério! E nada de recompensas excessivas. “No pain, no gain”… ou bem que mostram a nobreza da casta ou nada! É uma questão de boa escolha, digo eu: dos mais lusitanos aos mais árabes, desde que se deixem montar com afinco, podem ser sempre bem trabalhados.
Até porque a alta escola tem exigências e o elemento base é o trabalho de duas pistas. Sim, porque ter um cavalo rigorosamente direito é uma das maiores dificuldades da equitação, de forma que o uso de duas pistas sempre permite obter um bom grau de satisfação em pelo menos uma delas.
O caso mais frequente de dificuldades é o cavalo encurvar para a esquerda, isto é, com a cabeça para a esquerda e as espáduas descaindo para a direita. Um animal nestas condições resiste à perna esquerda e à rédea direita de oposição. Para o corrigir convém insistir com o trabalho de espádua adentro para a direita, trabalho este que exige que se lhe agarre com firmeza a cabeça obrigando as espáduas a descaírem; só assim a garupa se eleva e esse pormenor é de suprema importância para o sucesso da montaria!
Mas, amigas (ou amigos, que nisto, como disse na primeira lição, a prática da equitação não escolhe sexos…), o melhor, mesmo, é encavalitarem-se num cavalo a sério e praticarem MUITO. É que montar já foi uma forma de sobrevivência mas agora é uma arte. Mais do que arte, a equitação é uma ciência viva.
O Marquês de Marialva era conhecido por montar 12 cavalos por dia quando tinha 70 anos! Já imaginaram o que é chegar aos 70 e montar uma dúzia por dia?!
Está bem de ver que o treino faz tanta falta como o pãozinho para a boca.