quarta-feira, junho 20, 2007

'tou farta de conversas de gajas


Estava eu a pedir o cafezinho da manhã e já elas, cinco numa mesa e com o botãozinho do som no máximo, riam das suas próprias piadas e olhavam à volta para ver se quem estava presente também se ria.
O Zeca era o único homem na sala; de natureza pacata e de poucas falas, o que diz costuma ser acertado. Olhou para mim e eu para ele e só disse “eu estava aqui tão bem sentado...”
E de que falavam elas? Falavam das dores de cabeça e uma delas apregoava que não perdoava a acusação genérica porque ela nunca se tinha queixado com dores de cabeça, nunca na vida. A Maria João está agora a divorciar-se e anda eufórica, descontrolada.
Já cá fora, olhei para o Zeca e disse qualquer coisa como “estou farta de conversa de gajas”; e ele, com um ar enfastiado, rematou “vai tudo dar ao mesmo!”
Não, não estou a fraquejar. Não virei defensora dos homens.
Mas palavra que ando a ficar farta de mulheres mal resolvidas!
P.S. ainda vou levar nas orelhas, ai se vou!!!

domingo, junho 10, 2007

Voos em queda

imagem daqui


Detesto homens burros.
Não sei como fui capaz de fazer a cedência mas pronto, uma mulher tem de aumentar o seu nível de conhecimentos empíricos nem que seja de olhos fechados.
Afinal ele até prometia dez horas seguidas de elevado nível e eu, que detesto horas mortas, apeteceu-me preenchê-las com a confirmação de tal desempenho.
E depois… os apregoados galões davam à cena um ar um tanto institucional, ainda por cima com as credenciais da Força Aérea Portuguesa e com a promessa em voo de umas horas nos píncaros da glória.
Ai Fausta Paixão, por que caminhos andas!!!
Não tinhas necessidade de fazer mais uma vez a verificação da fanfarronice masculina, especialmente quando ela é galardoada. Os píncaros da glória tê-los-ia atingido o Major Alvega, esse mocetão do nosso imaginário adolescente. Mas este não lhe chegava aos calcanhares, nem no solo nem nas alturas, apesar daquela paranóia pelo controlo aéreo, que ele bem esticava os bracitos para me alcançar a parte superior – o gajo era daqueles que são obcecados por mamas.
Que coisa enfadonha, a mexeriquice e o palavrear esquizofrénico com vista à tentativa desesperada de dar vantagem corpórea ao apêndice. Parecia-me até que a paranóia do cumprimento da missão estava ali colada ao cabelo ralo do major, que só se calava nos momentos em que a língua rastreava os canais. Sempre desafiado pela força da gravidade, digo eu, que a queda dos graves é a primeira coisa que salta à vista de uma mulher.
Acho mesmo que sofria de desorientação espacial, a julgar pelo modo como os olhos lhe saíam das órbitas enquanto se contorcia para gerir os fracos recursos humanos com que a natureza o dotou.
E depois a conversa fiada sobre os movimentos de instabilidade, os desequilíbrios, a resposta do ser vivo na procura de um novo equilíbrio, blá, blá blá… com uma espiritualidade fundada nos Paulos Coelhos que decoravam a estante, deram-me cabo da paciência.
Voos autopropulsionados? Nunca mais!
Nem voos de reconhecimento… que o índice de risco é deveras superior à paranóia do terrorismo internacional com que fui bombardeada do princípio ao fim.

E foi assim que eu aprendi um palavrear novo, muito aeronáutico, tendo desejado, retrognosticamente, nunca me ter passado pela cabeça alistar-me na força aérea.

quinta-feira, junho 07, 2007

em defesa dos direitos humanos, particularmente os meus...

Era especialista em direito internacional; foi assim que esta minha tendência para os intelectuais se viu plenamente satisfeita com a presença de um expert.
Embevecia-me a ouvi-lo falar de direitos humanos…
Reflectindo, que nisso posso gabar-me de ser super-veloz, achei que tinha ali a pessoa ideal para garantir o respeito das obrigações assumidas. Tão subitamente como reflcti… achei que ando a ser implacável face ao 12º direito - o do casamento. Quem sabe… terá acabado de despertar em mim a mulher conservadora a aguardar noivado como forma de reparação da vítima que sou eu própria.
Quer dizer, vistas bem as coisas o que eu queria mesmo era a confirmação do direito ao processo equitativo, bem me importava se existia ou não uma violação da Convenção ou se se cumpriam os prazos legais para a renovação dos mandatos.
Direito ao recurso individual, querido - foi o que lhe respondi quando ele me sugeriu que ordenasse as minhas preferências – esse para mim é o primeiro.
É claro que o direito à vida está aqui bem expresso neste meu cantinho umbilical.
É certo, ainda, que lhe ouvi dizer que defendia a proibição da escravatura e do trabalho forçado, mas quanto a isso nada a fazer que eu sou de muitas insatisfações.
E quanto à proibição de tortura… franzi o nariz: há lá coisa mais apetecível que um chicote!



sexta-feira, junho 01, 2007