
Que era gira, que as mulheres gostam de fazer surpresas e coisas assim de circunstância e lá fomos ao café. Tinha-se esmerado no aspecto. Tinha um rosto hidratado, as mãos macias e um aroma gostoso. Os homens andam a cuidar-se, pensei eu agradada. Até as sobrancelhas pareciam seguir uma forma cuidada. Apeteceu-me vê-lo mais de perto e lá fomos, que o tempo não é coisa para desperdiçar.
Poupo-me, pois, a detalhes intermédios porque isto de encontros combinados desta maneira não tem nada de novo para ninguém e qualquer descrição do episódio seria redundante.
Fixemo-nos, então, nos finalmentes porque a novidade estava para vir. Não foi por acaso que aquele ar com que o vi à minha espera saía dos parâmetros ditos normais.
Se há muitos assim ou não é caso para ir comprovando mas a verdade é que a certa altura a minha mão aventureira deu de caras com uma pele lisinha, lisinha, num lugar onde normalmente há uma cabeleira farta e quente. Depois confirmei que toda a pele era assim macia e limpa, desde o peito às pernas, pelo que deduzi que a depilação foi integral.
Perguntei-lhe, enquanto ele se esticava, de costas na cama. Falou-me de higiene e de conforto: “não gostas mais de homens limpos?”, foi a questão com que eu tive de lidar, ali, em pleno acto, enquanto me perguntava a mim mesma se de facto aquilo era limpeza ou não seria mais uma imitação que o sector masculino não perdia, neste seu percurso de afirmação, à século XXI.