Cá vai o segundo trabalho de casa...
O destino é o lugar do Escritor Famoso.
Ele chegou...
Trouxe a pressa das certezas
Na azáfama do tempo
Não cheguei a ver-lhe os olhos
Não lhe vi sequer o rosto
Contudo li-lhe as palavras
Presas nos cantos das mãos
Mãos intensas, mãos em fogo,
Mãos tecedeiras de afectos
Nos farrapos do desgosto.
Ele sorriu...
E sentou-se à minha beira
Partilhando o meu sentir;
Trouxe palavras ousadas
Mas disse algumas, apenas
Que as palavras todas ditas
São como as vidas expostas
São corpos nus ao relento
E vão quebrando o encanto
Das ligações mais bonitas.
Ele está cá…
Desde o dia em que contou
Com palavras do passado
As histórias da infância
E a natureza sublime
Da sua alma de artista;
Foi quando soube que as mãos
Apinhadas de sentidos
E aladas na surpresa
Eram mãos de pianista.
Ele ficou...
Desde o dia em que escutou
As palavras que eu dizia,
Desde o dia em que me olhou
Fazendo girar as crenças
Daquilo que já não sou
Porque inaugurou o dia
Da grande revelação
Dita depois em palavras
Sopradas pelo coração.
Ele já foi.
Virou as costas ao antes
Levou a pressa na fuga
Passou os olhos p’las mesas
À procura de sinais
Deixou coisas importantes
Roupas, palavras, papéis
Deixou o tempo nas estantes
Onde os livros de princesas
Já roídos pela traça
Contam histórias imortais.
Se um dia fizer sentido
Recuperar as memórias
E olhar para o passado
Mas já de outra maneira
Direi que uma vez fugiu
Num abandono de louco
Sem olhar sequer para trás
Para não ver amarfanhadas
As roupitas na cadeira.
sábado, novembro 05, 2005
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