sexta-feira, março 02, 2007

a floresta (quase) encantada...


Ainda estou meio atordoada com a conversa do Juventino Carvalho. Prometeu levar-me a ver as piceas, mas que acautelasse os pelos esparsos das do Norte, que os raminhos eram jovens. Adoro coisinhas que, não obstante serem tenras, têm os gomos pontiagudos, mas mesmo assim sugeri-lhe um exemplar mais robusto, dado que a minha energia estava em alta, pois com tantos dias secos fazia-me falta espairecer entre os troncos. Aquela pinha romboidal de ápice truncado não fazia as minhas delícias.
Levou-me então em direcção à picea orientalis, cujos ramos densamente peludos já faziam alguma vista. De facto engracei com as pinhas oblíquas, levemente apupuradas, de escamas arredondadas. E nem vos digo o meu entusiasmo quando me falou na casearia gossypiosperma . O quê? Sim, o pau-de-espeto! Mas aqui na mata, perguntei-lhe? Humm, talvez só no Brasil, mas da parte teórica sei tudo…
Não, por favor!, teoria não, ao menos mostra-me o cupressus , o massaroco, o buxo, o choupo-negro, o ranúculo, o piorno, mas nada de plantas prostradas, só daquelas de haste carnuda e de caule lenhoso, que eu sou adepta da biodiversidade mas tenho as minhas preferências! Coníferas? Ora essas não! nem as angiospermas nem as púnicas, por amor de deus. Femininas só as phoenix.
O Juventino, que conhecia bem a dinâmica da floresta, esmerava-se para que o uso dos produtos não implicasse a sua exaustão. Dizia-se adepto do desenvolvimento sustentável e por isso era preciso espetar muitos troncos. O mundo não pode acabar, dizia ele.
É claro que não, muito menos agora que estamos rodeados da natureza viva!
Que mundo aquele!
A qualidade da matéria-prima envolvente merecia um processamento a condizer por isso quando ele me perguntou se a minha corola preferida era das personadas, com limbos divididos em dois lábios, disse-lhe: alto lá!, então a definição de arvore não é a de uma coisa permanentemente lenhosa e de grande porte? Então para quê andar com rodeios?
Para mim a questão tinha mais a ver com a conexão entre o caule e a folha: se fosse caduca estava excluída; se fosse persistente já a coisa soava de outra maneira, especialmente se fosse de pecíolo não côncavo nem achatado na parte superior. É que há pormenores de grande importância para que a ascensão da seiva bruta se dê sem problemas; só assim o limbo se tornaria viçoso.
Já me estava a chatear tanta conversa... porém, o que me agradava mais era prosseguir o passeio por entre aquela humidade natural do arvoredo.

As expectativas aumentavam...

15 comentários:

Maria Arvore disse...

:)))))

De facto, os gajos que deram nomes às árvores, plantas e demais verdinhos fazem jus àquela teoria do Freud que através do sexo se explica tudo. ;)

robina disse...

Com tanta esquisitice ainda acabas numa floresta "ardida" :-))))

Ness Xpress disse...

Belas fogueira fazíamos. Primeiro, de machado em punho, recolhía-se a lenha para uma boa brasa, bem rubra e duradoura. Com pedras cuidadosamente escolhidas preparava-se uma cama que tornasse segura a queimada, luxuosamente atapetada com folhas do bosque. O fogo ganhava temperatura lentamente, até a chama chegar à intensidade ideal para cravar o espeto na febra e segurá-la até que fique no ponto.

Fausta Paixão disse...

achas mesmo, maria_arvore? Eu aqui tão ingenuamente à procura do lazer florestal e o resultado é assim tão freudiano?
;) ;)

e ainda por cima sou esquisita, robina? Lá no bosque és menos selectiva que eu? Uma mulher tem de fazer pela vida!

ness... a imagem que aqui deixaste é perfeita. Ora aqui está um homem à minha altura! Só não me agradaram os vértices das pedras na pele, apesar do tapete folhado.

Anônimo disse...

Oh Fausta, o que é um vértice?
Deves tar é a falar dos bicos das pedras que se metem nos ossos.



Vértices...

psique disse...

HUM... Natureza, ar, frio, quente... bem e vértices... parece-me que temos cena... eh eh eh

mfc disse...

Vou pela conífera!
Acho que me assenta melhor... ou vice versa!

Erecteu disse...

+++++++++++++++++++++++++++++++




































































































































































































































































































































































































































































































































A soutora faz cada texto que me deixa de expectativa acesa e de estame em riste

vague disse...

Já foste ver o meu desafio?
5 linhas e uns pózinhos de livros :)

ivamarle disse...

também sou adepta da humidade natural...do arvoredo, claro...

Fatyly disse...

Faltou o "quase" não teria sido menos frustrante se virasse lobo mau? Muita parra e pouca uva!
Estás fabulástica:):)

Rafeiro Perfumado disse...

Fizeste-me ficar com saudades dos Açores...

asdrubal tudo bem disse...

Mas o gajo é daqueles que não fode nem sai de cima?

Anônimo disse...

Vim cá ver como estames e dei pelo estrago que fiz no meu comentario.
Não prometo que não volte a acontecer mas juro que desta vez nã foi de propósito

Fausta Paixão disse...

anónimo, posso fazer-te um desenho, mas tem de ser presencial.


psique... cena... e que cena!


mfc... boa opção... eu dispenso!



erecteu... se te alargares assim em tudo...


... indo até aos fundos...




... é MUITO BOM sinal!!!

... mas geraste aqui alguma confusão, sim senhor! Eu até pensei: alto lá! este indivíduo precisa de MUITO espaço!




Vague, já lá 'tou! E já mandei visitas.



Rafeiro... havia lá muitas coníferas?



Iva... então as pisceas, essas sim são mesmo de uma humidade absoluta;



Fatyly, parras também dispenso; gosto de ver os filhos de Adão ao natural...




asdrúbal... que impaciente!Não me digas que contigo é tudo assim tão rápido!