quarta-feira, agosto 02, 2006
As coisas do oculto e as que ficam ocultas
Ele dizia ser mestre do oculto e eu, que me pélo por brincadeiras que metam esconderijos e por poderes sobrenaturais, daqueles que depois desabrocham na sua plenitude mais vertical, cedi em acreditar só para ver se as coisas ocultas tinham mais sabor do que as que são claras como a água e normalmente se desfazem nela como a gelatina dita rija que envolve as cápsulas que a gente às vezes engole.
Ouvi relatos maravilhosos, soube que quando a minha alma foi criada recebi do lado oculto da vida eterna o meu mantra individual que ele disse ter um som que só eu podia ouvir, aguçando-me a curiosidade auditiva e as outras que normalmente vêm associadas. Soube que cada pessoa tem sete corpos, todos unidos num corpo astral onde o desejo se manifesta. Ai deus, se eu com um corpo só, já é o que é... com um desdobrado em sete eu nem me tinha nas pernas só com o desejo de que o momento da projecção astral chegasse depressa.
Ele aconselhou-me calma pois era preciso aguardar o momento em que a energia do universo – acho que era o prana, ou assim – nos bafejasse com um encantamento que eu haveria de sentir como climax. Algo novo, experiência única, coisa nunca antes vivida nem sequer imaginada.
Podem imaginar como uma mulher se sente perante estas conversas ditas em sussurro ao ouvido. É de um gajo se passar, dirão vocês...
E é!
Eu já me derretia com a expectativa do poder da arte marcial interna, o chi, de que ele falava a toda a hora e do orgone, aquela coisa que ele dizia ser uma forma especial de energia omnipotente, responsável por variantes como a cor do céu, a falha da maioria das revoluções politicas, e um bom orgasmo. Não é que me interessassem as falhas, mas se isso tinha a ver com as revoluções, estava-me bem nas tintas, o que me interessava eram as outras valências.
Concentra-te no scry – dizia-me ele, tocando-me ao de leve – pelo que eu desatei a gritar com quanta força tinha, ao que ele parece ter reagido mal porque imediatamente se levantou atirando com a almofada e dizendo que eu lhe tinha provocado uma desconcentração sensorial e que depois daquele meu grito histérico nunca mais teria o privilégio de ver o mantra dele nem sequer no dia do equinócio.
Raios partam as tretas do oculto.
Mestres? Bem me parecia que aquilo do chi e do orgone não passava de engodo! Na volta o mantra dele era insignificante e foi melhor nem o ter experimentado!
Fica uma mulher assim a ougar...
Safa! Não me meto em ocultices tão depressa!
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9 comentários:
Parece-me que ficaste com mais coisas ocultas, do que com acesso a esse outro "oculto"
Deixa lá se o tipo oculta tanto...
Eu prefiro mais o misticismo das coisas as claras.
Beijo
Boa semana
demais...muito bom este post e o blog inteiro... Gostei
eh eh eh eh, sabes que o mantra não é para quem quer, é para quem sabe e pode...
Respeito quem acredite, mas eu não!
Curiosa mas não tão aventureira como tu:))))e digo o que dizes: tretas!
Gostei e sobretudo fizeste-me averiguar esses nomes de mantra e afins):):):)
Recompõe-te e vá-se lá compreender os homens eheheheh
gostei de ler.te..mas acreditar num mestre... logo do oculto...ehehehe
joca smaradas
ó melher tu cu-oculto???
Eu cá não quero nada oculto! Tudo às claras que é para não deixar dúvidas! Manda-o ir à procura do mantra dele para bem longe.Quando já não sabem como enrolar-nos, vêm com as ocultices! Ai os homens...
Aventuras pelo oculto é como navegar às cegas, numa noite de Lua Nova, sem radar ou plotter: não sabe que rumo levamos e onde vai acabar a viagem. É mais prudente navegar com comandante experiente na ponte...
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