Não foi propriamente um choque, confesso, foi mais a cor a entrar-me pelos olhos e a saturar-me a córnea, que uma pessoa pode gostar da sua bandeira, mas depois de um jantar de ovos verdes com salada de beterraba acompanhada de vinho rosé e sobremesa de melancia, digamos que estava um pouco cansada da coloração. Ainda por cima o crocodilo verde da lacoste estava ali pronto a engolir a mancha vermelha que me enchia os olhos, no outro lado da mesa e o assunto da conversa andou pela polémica do Quaresma ir ou não ir marcar golos nas balizas adversárias e do Pauleta chegar aos cinquenta. Dizia ele que a glória nacional estava nas cores e que nenhum país se podia orgulhar tanto da sua bandeira como nós. A prova disso era a bandeirada do Jamor.
Ok, disse eu, vamos lá ver como és como ponta de lança porque de frango estamos servidos e eu, foras de jogo já vi muitos, mesmo vindos daqueles a quem chamam um figo.
Já no elevador ele disse: uma bandeira, vou colocar uma bandeira sobre este espelho, para que cada um veja a pátria reflectida enquanto sobe porque a glória é estar no topo. Ora, e eu não sabia? Estar no topo é tudo quanto uma mulher pode desejar numa situação destas!
E eu a pensar que a excentricidade das madeixas amarelas ia bem com o aspecto da linha lateral do hall de entrada onde as bandeirolas se multiplicavam.
Estava tudo a andar bem: o relvado em boas condições e um balanceamento que prometia bons desempenhos. Com tanto drible a pequena área estava a ficar desguarnecida ... para o que viesse a seguir.
Mas agoniei-me!
Podia ser apenas o edredon, admito... até teria a sua graça deitar-me sobre a bandeira nacional, aconchegar-me nos esféricos acetinados e passar do ataque ao contra-ataque, do contra ataque à marcação do canto e depois ao livre directo com protecção das partes baixas, claro... mas ele queria ficar de pé junto à janela - onde as cortinas eram verdadeiras redes em tons abandeirados - a cantar o hino nacional para a cerimónia do içar do pau da bandeira.
Era nacionalismo a mais!
De forma que, embora ele insistisse que o golo era o orgasmo do futebol e a bola era a mulher desejada pelo jogador, eu continuava a ver a metaforização ao serviço de um fetiche de pouco efeito prático. O jovem não passava de um avançado na retranca e sem estilo.
Foi então que lhe disse: meu amigo, o jogador com bom desempenho em campo é aquele que tem intimidade com a bola, que mantém com ela uma relação de cumplicidade agressiva e sabe tocá-la até ao remate final. Se é um golão que queres transforma-te num verdadeiro ponta de lança e deixa de atirar à trave que eu não sou propriamente uma guarda-redes angustiada no momento do penalti nem me sujeito às opções do seleccionador.
14 comentários:
Ora bem, nem mais! Fartei-me de rir e deixas um recado "faustoso" e uma "paixão" comprovada!
Fiquei super bem disposta e agora inté:):):)
já não se fazem goleadores como antigamente.
ganda metáfora! lololol
É bem ao estilo nacionalista, muita bandeirada e poucos golos...
Muitas bolas mandam à trave na tua companhia Fausta !
Não tens sorte nenhuma rapariga ...
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
Grande metáfora... lol
Já te estou a ver à segunda feira a comentar a jornada na Sic Notícias e a falar da metafísica da angústia do guarda redes versus o ponta de lança!!
Mas, como é obvio, a culpa é do treinador...
...e "biba Portugal!!biba a Seleçoum Nacional"...eh!eh!eh!
Pois é! E depois aparece o doping, e as idades falsas,e todos os que passam ao lado de uma grande carreira!
eeheheheh!
È o nosso futebolês e mai....nada!
Saudações!
Alguns só têm é garganta.Isto de golos tem muito que se lhe diga!
Sim senhor... há brindes de categoria aqui no espaço da paixão...
Damelum, não penses que o camionista não está já no meu currículo; já tinha começado até a narrativa, que é bastante descritiva, mas aquilo foi tão misturado com a decoração interna da cabine que ... que o decoro me trava!
Ó D.Fausta, etão ainda anda a pensar nisso? Os homens são todos iguais!
Puxa que essa é msm muito subtil...
yayayayay, não és guarda-redes angustiada
yayayyaya
besitos
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