Preocupada com as minhas clientes que, como se comprova, não compreendem os homens (porque parece que a questão é irresolúvel - eles também não as compreendem a elas) aqui estou para mais uns conselhos do coração:
Ela queixou-se assim:
querida madame fausta
que fazer co 'esta paixão
qu' até era moça astuta
mas ando cá c' um melao!
encontrei-o numa tascaa
dar minis ao balcão
não tinha ar de panasca
até me tocou co'a mão
disse sim em meia-hora
disse sim na Boa-Hora
convencida qu'era moço
pra gostar de mordiscar
este corpo qu'é um tremoço
descobri ao fim d'um tempo
qu'apesar de ter pescoço
já perdeu todo o caroço!
e para a lida da casa
n' é que também saiu torto?
é incapaz de pôr almoço
sem armar um alvoroço
apesar destes defeitos
ao pensar em separar-me
fico co' ares rarefeitos
diga-me minha senhora
conhece alguma mezinha
tipo assim avé maria
padre nosso ou ladaínha
que tenha efeito na hora?
ou pílula ou toy'r'us
que o deixe como um ás
naquilo que mais me apraz?
posso dar a cuequita
ou pedaço da guedelha
pra fazer uma rezinha
qu' o deixe menos azelha
mesmo usando ele slipe
seja quase careca...
mas se vir que não consegue
mudar a coisa num clic
queime a paixão que me persegue
e faça-me esquecer este tareco
Pois aqui vai a resposta, menina Maria:
Com esta a coisa fia mais fininho
Que ela não se ficou no perguntar
E deixou uma história bem contada
Para a Fausta analisar
Pois bem, aqui vai a respostinha
Mas cuida bem de ler com atenção
Que os homens, quanto mais a gente dá,
Mais exigem do nosso coração
Não adianta rezares avé-Marias
Nem ladainhas vão adiantar
O que tens de fazer já depressinha
É pôr o gajo a andar
Depois, um pouco mais aliviada
Sem preocupação com esse moço
Então, mais à vontade, poderás
Arranjar quem te cuide do tremoço
E veio a joaninha com perguntas rimadas:
Minha querida Fausta Paixão/ Venho apelar à tua sabedoria./ Quero saber qual a razão/ Os porquês desta agonia…/ Se a bola for de sabão/ E não ler seus pensamentos,/ Então não haverá razão/ De revelar meus tormentos…/ Mas se de cristal for,/ Então eu quero saber,/ Onde anda meu amor…/ Para eu o conhecer…/ Se é aquele ao contrário,/ Que pensa no seu amigo,/ Então subo o meu calvário/ Indiferente a qualquer perigo…/ Dizei-me Falsa Paixão/ Se ainda posso esperar/ Ou apenas manter ilusão/ Por aquele que estou a amar…/ Homens são um desastre/ E juro, não sei escolher/ Aparece cada traste,/ Que o melhor é esquecer…/ Se a consulta não for cara,/ Prometo que voltarei./ Querer saber nunca mais pára,/ Porquê tanto esperei…
ui... não consegui colocar as quadras em posição... acho que a bola danificou o template.
Assim ficam bem, Joaninha?
Pois então:
Falaste-me de trastes, Joaninha
Acredita! Tens razão.
Que às vezes vale mais estar sozinha
Que sofrer do coração.
Os homens só nos trazem é sofrer
É o nosso triste fado
Cuida mas é de ti com atenção
E está o caso arrumado.
8 comentários:
Ainda deixas a porcaria do cristal sem brilho,pá
;P
madame fausta
ai qu'até já estou exausta
só de pensar na ideia
d'apanhar uma tareia
mas já tenho um grande saco
assim cheínho d'areia
pra enterrar o tareco
se ameaçar com um sopapo
vou largá-lo num instante
seguindo o seu conselho
só espero no entanto
encontrar rapidamente
um rapazinho a contento
Essa Bola de Cristal é ímpar!
Tem solução para tudo!
... como vai sair mais, vou-me por aqui ficando sentadinho que não quero perder pitada.
Ai Fausta, que emoção!
Ao receber tua missiva,
E até te dou toda a razão
Em não voltar a ser passiva
E mandar o traste ao ar…
Dos versos, já não importa,
A forma ou configuração,
O que vale é não estar morta
Por toda aquela paixão…
Por um traste de “tarar”…
E como acato o conselho,
Só tenho de agradecer,
Antes que o amor fique velho…
O melhor é reconhecer
Que há mais trastes para olhar…
Realmente, nosso fado é tristeza
E vou cuidar mesmo de mim…
Vou livrar-me da esperteza
Daquela rosinha carmim…
Que me estava a atrofiar…
Obrigada Fausta, do coração
E como vem aí o Natal,
Vou deixar-te um “abração”
Duma amizade sem igual,
Para que me possas recordar…
Beijinhos
Obrigada Joaninha.´
Sempre à disposição para animar corações tristes.
Mas porque é que tu passas o tempo a embirrar?
Eu sou tão certinha!
Ainda por cima não me dás hipótese de comentar
Na tua casinha.
Vai daqui uma beijoka para iniciar as téguas, pirata vermelho.
Ainda por cima ameaças espetar-me uma lança no ventre? E não queres que esperneie?
Pronto, lá tou eu a refilar
Mas olhe que não entendo
O que esse vizinho pirata,
Ainda por cima vermelho,
Está para aí a insinuar...
Mas como estamos no Natal
Eu cá não quero desacatos.
Os gajos,quando crescidos,
São piores que os gaiatos!
Mas sabe, estou apaixonada...
Não sei como isto me aconteceu...
Todo o dia só penso nele...
Eu nem sei o que me deu...
Já não sei passar sem ele
Sem ele a vida não faz sentido
Dona Fausta, o que é que faço?
Diga-me lá aqui ao ouvido.
Sinto o coração aos pulos,
Nem durmo com as palpitações
Ó Madame, juro, nunca me vi
Metida em tais aflições!
Mas ele é assim tão querido,
Tão doce...tão delicado...
Não consigo resistir-lhe...
Estou metida cá num assado!
Acuda-me, ó Madame Dona Fausta,
Eu estou muito desorientada...
Então agora, depois de velha,
Fico assim apaixonada?!...
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