quarta-feira, abril 08, 2009

O Náufrago



Encontrei-o no areal pela manhãzinha, assim sem energia, desfalecido e debilitado.
Estou a recuperá-lo com muitos mimos e caldinhos, pois esteve muito tempo sem comer e não posso dar-lhe comida forte.
O pior foi deslocá-lo, por causa da robustez.
Ainda não fala.
Se as coisas correrem bem, este ano não devo ir de férias.
Aguardo as melhoras.



quarta-feira, abril 01, 2009

O publicitário

Como é que foi possível eu ter embarcado em mais uma?
Ah, santa ingenuidade não ter percebido que tudo não passava de publicidade enganosa! Num momento da vida nacional em que o investimento se encontra retraído eu devia ter tido cautelas, mas ele veio-me com aquela conversa das redes neurais e nem me apercebi que a coisa também metia inteligência artificial, porque se tivesse dado conta não daria importância à referência às outras técnicas que até hoje estavam apenas no imaginário ou nos filmes de ficção. Foi com essa promessa que me levou à certa, fartinha que ando de gente de baixa estatura.
Aquilo dos slogans a toda a hora bem me enfastiava, mas pronto, podia ser que o indivíduo se sentisse mais homem no seu papel de free-lancer e sem querer, até me deixei ir na voz activa do pregão.
Potenciar o valor do produto foi o que ele fez desde o princípio mas o que eu tive de descobrir sozinha é que aquilo não passava de uma técnica de gestão de marca … e de branding’s ando eu enjoada!

O nutricionista

Prometeu que me iria arranjar um programa especial de educação alimentar. Teria de planear ementas e ajudar-me a optimizar a relação custo/qualidade porque, dizia ele, comer bem é fácil e não custa caro.
Ora é sabido que sou uma mulher de alimento e que nunca tive queda para a cozinha; por isso e porque ele era um pão bem encascado, veio-me à ideia que a ementa poderia levar brinde. Ouro sobre azul, um homem que finalmente me alimentasse de maneira saudável, de manhã à noite, aliviando-me das porcarias tipo fast food que como por aí e que depois me deixam o corpinho numa lástima.
Cedi à experiência e marcamos logo a sessão prática. Foi aí que ele agiu: olhou, pesou, mediu, calculou, … e depois disse que o IMC estava alto e que era preciso ter muito cuidado com a boca.
Ora eu, que sou e sempre fui mulher de muito alimento, fiquei deveras preocupada. Não me pareceu que fosse coisa fácil, mas pronto, estava por tudo!
Para começar estipulou que teria de evitar a as entradas; depois colocou-me à frente um prato com duas rodelas de milho tufado, metade de uma nós e um queijinho fresco deslavado. E disse que, como era a primeira vez, poderíamos ainda usar a banana e o mel. Já eu me lambia, de olhos arregalados quando percebi que aquilo era tudo menos o que parecia: foi quando o vi deixar escorrer meia colherzita de mel sobre a amostra do dito fruto, que colocou com profissionalismo no meu prato.
Mas pior ainda foi vê-lo colocar o aparelho de step ao lado da mesa e sentar-se à espera, de balança na mão.