domingo, novembro 11, 2007

castanhas e vinho

Estou um bocadinho combalida.
Não, não foi efeito do vinho, que o Martinho não era muito de bebericar. O que ele era mesmo era um verdadeiro labrego, daqueles com quem uma pessoa aceita sair para não ficar fechada em casa que, em dias festivos, o que faz uma mulher sentada à lareira, não estando nem sequer frio que o justifique?
Imaginem onde o homem me levou! Disse-me que a “movida” era no Terreiro do Paço. Ainda lhe perguntei se era outra vez a árvore de Natal, meio atordoada pela grandeza da coisa, que ele vinha apregoando desde ontem.
Claro que me assolou o desejo de grandeza, que é uma coisa que assola qualquer mulher.
Ou consola?
Seja como for, acedi e lá fomos a caminho do centro.
Para estacionar foi o que se viu ... e já se sufocava com o fumo enquanto dávamos voltas à praça. Depois, para chegar lá, foi outra tarefa de Hércules (meu deus, só me ocorrem referências de grande monta!), a furar por entre a multidão de velhos e velhas que clamavam por não haver para todos. E eu não sei? Sempre que alguma coisinha mais apetecível aparece em cena nunca chega para todas…
Não percebi o que fazia ali aquele monstro de latoaria; não fosse o Martinho contar-me eu não acreditava que tal fosse possível, uma coisa de medidas, a puxar para o majestoso, para ser maior do que os outros e entrar no guiness
Mas acreditei, enfim, os homens, quanto toca a medições trepam por qualquer pau ensebado!
E ali, entre a confusão, o calor e o cheiro a suor, vi o Martinho dirigir-se para dentro da vedação e empunhar a forquilha com que virava a castanhada, ao mesmo tempo que abraçava o tosco do engenhoso, amigo do peito, o trasmontano; e seguramente amigo de partilhar as coisas grandes, que as pequenas, digo eu, ninguém as havia de querer, nem assadas!