sábado, fevereiro 25, 2006

limpo ou liso?

No chat tínhamos combinado que eu iria toda de vermelho para ser facilmente reconhecida. Mas eu gosto é de lhes trocar as voltas e apareci a preto e branco. Mais sóbria, portanto. E fiquei a vê-lo de longe, de guarda-chuva amarelo na mão, percorrendo a praça em passinhos de espera. Sentei-me na esplanada a mirar-lhe as formas. Só não gostei daquela maneira de levantar o pescoço a parecer uma girafa em dia de “olhem para mim que sou diferente”, mas uma vez aprovado o pacote, apareci.
Que era gira, que as mulheres gostam de fazer surpresas e coisas assim de circunstância e lá fomos ao café. Tinha-se esmerado no aspecto. Tinha um rosto hidratado, as mãos macias e um aroma gostoso. Os homens andam a cuidar-se, pensei eu agradada. Até as sobrancelhas pareciam seguir uma forma cuidada. Apeteceu-me vê-lo mais de perto e lá fomos, que o tempo não é coisa para desperdiçar.
Poupo-me, pois, a detalhes intermédios porque isto de encontros combinados desta maneira não tem nada de novo para ninguém e qualquer descrição do episódio seria redundante.
Fixemo-nos, então, nos finalmentes porque a novidade estava para vir. Não foi por acaso que aquele ar com que o vi à minha espera saía dos parâmetros ditos normais.
Se há muitos assim ou não é caso para ir comprovando mas a verdade é que a certa altura a minha mão aventureira deu de caras com uma pele lisinha, lisinha, num lugar onde normalmente há uma cabeleira farta e quente. Depois confirmei que toda a pele era assim macia e limpa, desde o peito às pernas, pelo que deduzi que a depilação foi integral.
Perguntei-lhe, enquanto ele se esticava, de costas na cama. Falou-me de higiene e de conforto: “não gostas mais de homens limpos?”, foi a questão com que eu tive de lidar, ali, em pleno acto, enquanto me perguntava a mim mesma se de facto aquilo era limpeza ou não seria mais uma imitação que o sector masculino não perdia, neste seu percurso de afirmação, à século XXI.

domingo, fevereiro 19, 2006

a PB e a Cores

Isto de andar no meio de gente jovem desgasta uma mulher. E leva o seu tempo, que o processo não é coisa simples. De certeza que depois de saberem como tudo correu, não sei qual de vós terá coragem para se lançar nisto de books. Ora vejam a razão pela qual andei tão ausente:
Primeiro fiz uma pesquisa no google para localizar profissionais da coisa. Encontrei logo as referências necessárias:
Como Modelo você vai precisar ter um BOOK. O book serve no início para a modelo arrumar uma agência. Depois vai servir para "VENDER A IMAGEM" da modelo aos "CLIENTES" da agência” .
Foi mais ou menos isto, nem me vou dar ao trabalho de traduzir porque fiquei quase convertida ao doce falar brazuca (ai meu deus, se o Nando me ouvisse dizer isto. Abro parêntesis para dizer que o Nando é o brasileirão de boa marca que dirige as modelos. Um dia destes falo dele).
Não era preciso levar roupa nem perder tempo com maquilhagem, eles tratam de tudo no local.
Bem, não estou a dizer que fui nua, nada disso; mas que eles nos tratam do corpinho, ai disso não tenham dúvida. Primeiro avisam:
O nosso equipamento é profissional, você não irá ficar "distorcida" ou engordar nas fotos”.
E lá marquei sessão.
Apareci, pois, de manhã foi preciso um dia inteiro para me produzirem. Sim, porque eu não queria o pacote mais barato, escolhi o profissional + composites, que uma mulher do meu estilo não se fica por coisas minimalistas.
E mais. Soube sempre as regras desde o princípio:
"Você não é obrigada a fazer fotos com trajes de banho, mas a maioria dos concursos recomenda fotos de corpo com trajes de banho. A escolha é sua”
É claro que a escolha foi minha, mas a Vanessa, que é a ajudante do cabeleireiro onde costumo pentear-me, já me tinha avisado que é de todo vantajoso que nos vejam em acção, e o veste-despe é a melhor prova que podemos dar da nossa destreza. Aí acho que fui bem sucedida, modéstia à parte.
Produzida, fiz então a sessão: 200 fotos 24x30, PB e Cor, das quais resultaram 13 grandes, mais umas A4 em pasta exclusiva, mais CD. Recebi tudo isso e ainda uma lista com as principais agências de modelos e umas dicas sobre como fazer os contactos com as agências produtoras de elencos, casting, marketing promocional e eventos.

Bem, na verdade isto foi apenas o começo daquilo que pode ser uma carreira de artista. Estou excitadíssima com as perspectivas. Da carreira, claro, que as outras foram sendo satisfeitas, pelo menos para já.
Mas há ainda muito para fazer.
Eu já venho.

Se demorar, perdoem-me, mas é a bem da Nação, pois farei tudo para deixar o bom nome português bem representado.
Eles não vão mais precisar de recorrer a mão-de-obra estrangeira para a promoção das bilhas.

domingo, fevereiro 12, 2006

Books e Bilhas

Sabem como é, ficamos sentadas com o cabelo todo espetado e geometricamente separado por pratinhas coladas ao descolorante e aquilo dura horas. Depois vem o banho de cor e ali ficamos de mãos cheias, que literatura é coisa que não falta nos salões de estética. Estava eu a tentar saber as razões da depressão do Cláudio, que para deprimido nem estava mal na fotografia, quando começo a ouvir falar de um book. Olhei para o rapazito que se sentou na cadeira ao meu lado e em cuja cabeça a menina trabalhava, de tesoura afiada e intriguei-me: o chavalo vai a um book? Um BOOK???
Não me pareceu ter cara de menino especialmente dotado para as leituras, não me chamou a atenção pela forma das espáduas ou pelo tamanho dos bíceps ou por outra qualquer dimensão digna de registo. Mas ia fazer um Book! E ser famoso, acrescentava ela!
Fingi que estava a aprofundar a apreciação da roupinha das damas mais fotografadas nas festinhas sociais e fiz-me toda ouvidos. Afinal o jovem estava a apinocar-se para ir a uma espécie de mercado de escravos, digo eu, assim uma coisa de se mostrar (meu deus, o que teria ele para mostrar?) a um júri para ser seleccionado para os morangos com açúcar. Seria o máximo, dizia ele à menina da tesoura que quis saber dos pormenores para ver se também podia. Mas se não conseguisse podia ser que o quisessem para modelo fotográfico, era bem fixe. Sempre era melhor do que estar ali ao lado na loja de material de caça e pesca com clientes homens, quase sempre, e ainda por cima velhos, dizia ela com ar enfastiado.
Fiquei a pensar. Não era mau de todo. Empregos bons, sim senhor, numa época em que toda a polivalência é qualificada. Ao menos as pessoas aparecem, são conhecidas na rua… e quanto ao número de amigos e amigas… bem… aumenta para a centena, no mínimo. E roupinha nova e flashes e capas de revista. Ui, quem me dera!

Então tive uma ideia!
E se eu me candidatasse a uma coisa destas?

Vou fazer um port folio!

Aquilo deve ser uma peninha sobre os ombros a julgar pela maneira como ela se equilibra nos saltos. E depois, em casa do cliente... humm... eles juntam-se todos e ficam à espera. Imagino os ares da malandragem.


Se for escolhida muita coisa vai mudar na minha vida!

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Top Secret

Primeiro disse que era Top Secret. E a mim nem me passou pela cabeça mexer no assunto, que me bastavam outras mexidas mais reais. É que nada ali estava a mais, nem uma prega, nem uma ruga, nem um sinal sequer que quebrasse a textura da pele. Mas não tirava os óculos escuros. Só isso é que me importunava um pouco.
Em murmúrio começou a falar de estruturas organizativas e da transferência para um pólo único. Polarizada estava eu, toda aninhada na firmeza de uns braços militarizados. Era o que eu pensava. Por isso não desconfiei de nada quando começou a dizer que tudo estava ainda no segredo dos deuses. E mostrava-me, olhando para um lado e para o outro, como que temendo a presença de testemunhas, os seus segredos interiores. Pediu-me que usasse também uns óculos escuros. Assim estaríamos a salvo, dizia. Alinhei. É excitante introduzir outras formas de olhar o assunto no momento exacto e as lentes pareciam dar ao acto um sentido de coisa proibida. Apetecida, portanto.
Apetecível a conversa, enquanto as mãos deslizavam e me avaliavam. Vi-lhe uma expressão de discordância; eu sei que não sou exactamente uma menina do gás mas não se pode viver só de aparências, dizia eu.
Quando me começou a falar de um novo canal ao mais alto nível da cúpula, entusiasmei-me. Mas misturava referências que me baralhavam o entendimento: pesquisa e tratamento de dados, duplicação de canais informativos, eficiência ao nível das secretas de todo o mundo. Já não estava a perceber se devia entusiasmar-me nas expectativas ou desconfiar da sanidade mental de tão promissor corpinho.
De repente deu um salto para o meio da sala, compôs os óculos e disse, determinado: “Não dá! Seguramente estás ligada a uma rede terrorista. Tenho de avisar o Sócrates!”
E foi assim, meio grega, que dei comigo a exercitar a maiêutica, repetindo vezes sem conta: "eu só sei que nada sei" e jurando a mim mesma não voltar a trazer para casa indivíduos camuflados atrás de óculos padronizados.
E agora? Que será de mim? Será que a secreta vai passar a perseguir-me no meu trivial quotidiano de mulher apaixonada?
Terei de contratar um guarda costas.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Ai se eu pudesse!!!


Eu só queria que isto funcionasse com certos homens!

O que é que vocês faziam, se pudessem?

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Defeitos, eu?


… e aqui estou para cumprir o desafio que o Peciscas me deixou. Demorei muito, caro amigo, porque ando há dias a tentar contar os meus defeitos … mas cheguei à conclusão que não tenho.
Verdade, mesmo!
Sou uma mocinha perfeita.

Não quero, contudo, quebrar esta cadeia que daqui a pouco vai ficar como aqueles emails que vocês sabem… aquelas coisinhas dos power points que depois temos de enviar a 10 amigos para que um desejo se cumpra e que toda a gente nos manda pelo menos 10 vezes. Ora eu sou mocinha de desejos mas é mais apetece-me, anda cá e pronto e para isso nem sempre se pode contar com os amigos, enfim, cala-te boca que isto agora é a sério.
Aqui vai, então, uma listazinha das coisinhas estranhas que às vezes faço… e seja o que deus quiser!

1. dizer mal dos homens;
2. não poder passar sem eles;
3. falar demais depois de uns copos em boa companhia;
4. ficar muito activa depois de falar demais a seguir aos copos e depois de passar a tontura;
5. chamar sempre e só “fofinho” ao amiguinho mais próximo, não vá a memória pregar uma partida e deixar soltar na língua outro nome menos actual;
6. ter uma imaginação muito fértil nas alturas mais exigentes;

E pronto! Acho que meia dúzia é uma boa conta!
E agora, para me vingar, tenho de enviar esta brincadeira para o jakim e para um conhecido chamado coisas-do-burro.
Ah, e não podia deixar de enviar a sugestão a um amigo do peito que é assim mais de linhagem do que os anteriores, pois não conheço só gente de baixa condição: Pirata Vermelho, és um homem normal ou és dos estranhos? Vem cá responder!

Estou para ver que coisas têm eles para contar.